Fernando Namora | Autor do mês de abril de 2022

Fernando Namora | Autor do mês de abril de 2022

Poeta, pintor, ficcionista e ensaísta, formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra. Colaborou com várias publicações periódicas, como "Sol Nascente”, "O Diabo”, "Seara Nova”, "Mundo Literário”, "Presença”, "Altitude”, "Revista de Portugal”, "Vértice”, entre outras. Autor de várias coletâneas de poesia e de uma pouco conhecida obra como artista plástico, é sobretudo como ficcionista que o nome de Fernando Namora marca a literatura portuguesa contemporânea, tendo granjeado um sucesso a nível nacional e internacional que não é alheio ao facto de essas duas vocações, a de poeta e a pintor, estarem "presentes no olhar e no dizer do ficcionista." (cf. MENDES, José Manuel - "Encontros com Fernando Namora”, Porto, 1979, p. 93). Depois da publicação de dois romances, que refletem a experiência universitária coimbrã, numa já segura articulação entre a análise psicológica e a atenção às determinantes sociais e históricas da conduta do indivíduo, a publicação da novela "A Casa da Malta” irá inscrever este autor na corrente neorrealista, opção facilitada pelo contacto com a realidade social e humana que a experiência de médico em meios rurais lhe impunha. Entre as narrativas que marcam mais visivelmente esta intenção social contam-se o célebre volume "Retalhos da Vida de um Médico” e as narrativas "Minas de São Francisco”, "A Noite e a Madrugada” e "O Trigo e o Joio”, embora Fernando Namora tenha sempre rejeitado qualquer dicotomia entre literatura de cunho social e de cunho psicológico, considerando, pelo contrário, que "a sondagem 'psicológica' e a 'sociológica' pertencem à mesma incessante tentativa de nos conhecermos, situados na circunstância que nos molda e condiciona" (id. ibi., p. 34). Romances como "O Homem Disfarçado” ou "Cidade Solitária” situam-no já no âmbito da geração de 50, ou de uma segunda geração neorrealista, registando o influxo do existencialismo na novelística portuguesa. Em 1965, abandonou a medicina para se consagrar à literatura, tendo então aceitado o cargo de presidente do Instituto de Cultura Portuguesa, no âmbito do qual desenvolveu iniciativas de apoio aos leitorados portugueses e presidiu à publicação de uma coleção de iniciação à cultura: a "Biblioteca Breve". Convicto de que o papel do escritor deverá ser o "de consciencializar e contestar, obstando à sacralização das pessoas e das fórmulas" (id. ibi., p. 110), a obra de Fernando Namora registou até às suas últimas produções, como constantes mais salientes, "a procura de uma íntima coerência (o rasgar das máscaras), o apelo à dignificação da existência, o apelo a tudo o que possa resgatar os humilhados e os atormentados, a descida aos abismos da solitude" (id. ibi., p. 31). 

Porto Editora – Fernando Namora na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2022-03-18 14:22:40]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$fernando-namora 

 Pode consultar toda a bibliografia do autor, existente na Biblioteca e passível de empréstimo domiciliário, através do nosso CATÁLOGO online.