Duarte Estevão - "O meu refúgio: memórias, crónicas e versos"
Na rubrica mensal, Autores Espinhenses, pretendemos dar a conhecer autores que nasceram, viveram ou ainda vivem em Espinho e que contribuíram para o desenvolvimento literário e cultural do concelho, a seleção referente ao mês de julho incide sobre a obra "O meu refúgio: memórias, crónicas e versos" de Duarte Estêvão.
António Duarte Estêvão, nasceu em Serzedo, 1926 – Vila Nova de Gaia. Aos três anos veio para Espinho, terra dos seus sonhos. Segundo Duarte Estêvão, Espinho, em 1930, "era como um filme fascinante visto na pantalha do Cine Jardim ou do teatro Aliança”, "era um misto de Hollywood e Farwest. Tinha bons "actores”, lindíssimas "actrizes”, casino, cafés, hotéis, carroças, cavalos e o encanto do nosso mar”.
No que diz respeito aos estudos, Duarte Estêvão, foi "mascote” do Colégio S. Luís, em 1932. No ano de 1933 transitou para a "Escola da Feira”, nesta permaneceu pouco mais de três meses. Foi também aluno numa escola particular na Rua 62. Regressou novamente ao Colégio de S. Luís, onde a "falta de aplicação” levou-o ao "chumbo” no exame de admissão ao liceu, realizado no Alexandre Herculano (Porto). Após este resultado o seu tio pô-lo a "trabalhar” no balcão do armazém e a realizar alguns "biscates” no escritório.
Contudo esta ideia não agradou o seu pai, fazendo tudo o que estava ao seu alcance para o convencer a prosseguir os poucos estudos num curso da noite. Aos dezasseis anos matriculou-se no Colégio Oliveira Martins. Aos dezoito anos interrompeu os estudos devido a doença pulmonar, recuperando desta enfermidade no antigo sanatório do Caramulo. As saudades de Espinho e o apoio incondicional dos companheiros deram-lhe coragem e alento para ultrapassar esta fase negra da sua vida. Posteriormente foi "correspondente” do "Primeiro de Janeiro” substituindo o dono do café local, que delegou nele os respetivos escritos. Neste período, e a pedido do seu amigo José Dessa, escreveu duas crónicas sobre Espinho para a Rádio Caramulo.
Em Espinho foi fundador do grupo "Maltaldrabona”. "Colaborou na realização de bailes, passeios, serenatas, jogos de futebol, voleibol e ténis de mesa”. Com Duarte Estêvão e Fernando Victor (Dinho) e no seio deste Grupo, criaram o primeiro "jornal de parede” em Espinho. Aos dezassete anos fez parte da Comissão de Festas de Nossa Senhora da Ajuda.
No campo do desporto, praticou voleibol, ciclismo, basquetebol e ping-pong. Integrou, também, o Orfeão da Associação Académica de Espinho. Em 1965, representou a Académica na Direção de Associação de Patinagem do Norte e fez parte do Conselho Geral do Sporting Clube de Espinho durante 20 anos.
No que concerne à escrita, nomeadamente, na Imprensa local espinhense, escreveu "para os jornais "Espinho” (do S. C. E), "Defesa de Espinho” (em 1975 e 1976) "Espinho Vareiro (de 1980 a 1982) e novamente "Defesa de Espinho” (a partir 1995)”.
Em 1997 e no contexto da política local, foi mandatário concelhio da candidatura de Carlos padrão à Câmara Municipal de Espinho.
Com sessenta e cinco anos escreveu um livro sobre o "Monami” (Monami e Aviadores, temas para recordar) e aos 69 anos, escreveu um outro: "Evocação da Maltaldrabona”, a sua inesquecível "malta” de Espinho. Em 1997 foi convidado por um poeta ilhavense para fazer parte de um grupo de trovadores portugueses.
Aos setenta e cinco anos, lançou o 2.º livro «”Mon Ami” e Aviadores».
No livro, "O meu refúgio: memórias, crónicas e versos”, editado em 2006, o autor considerou-o mais «"autobiográfico” que os seus "irmãos”». Neste, o autor teve como pretensão "mostrar uma série de "fotografias” do que sempre foi (por fora) e, por outro lado, "muitas "radiografias” do que foi (por dentro)”.
Amigo de Espinho e um dos sócios mais antigos do Sporting local, António Duarte Estêvão faleceu em 1 de maio de 2016, aos 89 anos. Para a posteridade deixou registada nas suas crónicas "Notas de pouca monta”, publicadas no jornal "Defesa de Espinho”, as suas vivências e o amor a Espinho.
"NOTAS” DE UM GRANDE SENHOR "Devemos procurar um caminho onde possamos encontrar alguém que nos guie e ajude a vencer obstáculos.”– António Duarte Estêvão
CORREIA, Maria de Lourdes Henriques Mingocho Pinto, 1936- ; CORREIA, José Alberto de Garcia Pinto, 1932- ; Associação dos Antigos Alunos do Colégio de S. Luis - Colégio de S. Luiz : 1922-1969 : um estabelecimento de ensino que prestigiou Espinho. [S.l.] : [s.n.], 2013 (Santa Maria da Feira : Empresa Gráfica Feirense). 271 p.
DUARTE, António - Evocação da Maltaldrabona : um grupo de jovens espinhenses. [S.l.] : A.D. [etc.], D.L. 1995 ([Vila Nova de Gaia] : Rocha-Artes Gráficas). 107, [1] p.
ESTÊVÃO, António Duarte, 1926-2006 ; CAMACHO, Alberto Eduardo - O meu refúgio : memórias, crónicas e versos. [S.l.] : Armando Pinto Moita, 2006. 137,[1] p.
"Faleceu António Duarte Estêvão”. Defesa de Espinho. (05 maio 2016)
