Maria Virgínia Monteiro - "Obra Poética"

Maria Virgínia Monteiro - "Obra Poética"

Na rubrica mensal, Autores Espinhenses, pretendemos dar a conhecer autores que nasceram, viveram ou ainda vivem em Espinho e que contribuíram para o desenvolvimento literário e cultural do concelho, a seleção referente ao mês de maio incide sobre a "Obra Poética" de Maria Virgínia Monteiro. 

Maria Virgínia Santos Teles Guerra Monteiro nasceu em Espinho a 25 de maio de 1931, filha do poeta Oliveira Guerra. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras do Porto e exerceu o magistério no ensino secundário. 

Poetisa bilingue, começou a publicar somente aos sessenta anos tornando-se uma das mais marcantes vozes da poesia do Porto. Já nos seus noventa anos, a poetiza conta com mais de uma dezena de obras editadas. 

Tem trabalhos de poesia e prosa dispersos por jornais e revistas, consta de várias antologias.  

Entre 1992 e 2004 publicou 13 livros de poesia, reunidos na "Obra poética” editada pela UNICEPE, em 2016, aquando do 85.º aniversário da Autora, com introdução de Risoleta C. Pinto Pedro onde se pode ler que "(…) falar também da lucidez destes poemas "inteligentes” que discorrem acerca da profunda natureza da condição humana numa discreta, diáfana, mas sólida sabedoria. De livro para livro, a esperada e inesperada surpresa. Esperada pelo talento que lhe conheço, inesperada pela capacidade de sucessivamente me surpreender.” Conclui que não "sei dizer muito mais. É preciso lê-la. Até que todos os jornais e todos os críticos falem dela e as montras das livrarias a exibam como um padrão poético intemporal e autêntico." 

Manuel António Pina refere que a "palavras poética de MVM revela-se como uma voz muito pessoal no quadro das suas inevitáveis genealogias e patenteia uma urgência em calar toda a recusa, hoje rara na poesia portuguesa. Feita (e desfeita) de memórias e de pesadelos, de mais ricos veios da lírica tradicional e fá-lo do inquieto e desigual modo em que as tradições se renovam e as diferenças se integram. 

Por outro lado, Ramiro Teixeira, crítico literário e ensaísta, refere-se a MVM "(…) fazendo vislumbrar, às vezes, tanto ecos de Florbela Espanca, quanto de Camilo Pessanha, enquanto relatora de um tempo perdido, que é tanto de anseio amoroso sufocado, de solidão intrínseca, quanto de vinculação a esse mesmo tempo, assinalado pela imaterialidade, pela fugacidade dos contornos existenciais, (…). 

Para o poeta Anthero Monteiro, (...) É assim a poesia de Maria Virgínia Monteiro. Usando o tradicional soneto ou outras formas clássicas, ela não deixa que a sua poesia se deixe vencer pela rigidez. Os versos nem sempre são isométricos, porque é o ritmo que comanda e as pausas, assinaladas de maneira original, interferem na contagem e ditam inclusivamente a eliminação de certa pontuação. Esse processo de escrita inovador amplia a poeticidade destes poemas, correspondendo assim a uma preocupação de, como dizia João Gaspar Simões, «pôr a poesia em poesia».(…)” 

 

Bibliografia: 

MONTEIRO, Maria Virgínia, 1931- ; PEDRO, Risoleta Pinto, 1954- - Obra poética. Porto : UNICEPE, 2016. 253, [2] p. . ISBN 978-989-8613-07-3 

MONTEIRO, Maria Virgínia, 1931- ; WATANUKI, Hirosuke, 1926- - Nesta luz que a tarde esfria. Porto : Fólio, 2009. 144, [4] p. . ISBN 978-972-8700-53-9 
 
Monteiro, Anthero - Poemas imperfeitos de Maria Virgínia Monteiro [Em linha]. Porto : Unicepe, 2006. [Consult. 28 abril. 2022]. Disponível em https://www.unicepe.pt/livros/poemas_imp.html