Mário Valente e Alberto Barbosa "De Pêta e Bêta"

Na rubrica mensal dedicada a autores que nasceram, viveram ou ainda vivem em Espinho e que contribuíram para o desenvolvimento literário e cultural do concelho, este mês, junho, a seleção incide no teatro de revista, a qual destacamos, "De Pêta e Bêta ”. 
Ao apresentarmos a revista de "De Pêta e Bêta”, indubitavelmente apresentamos os seus autores, dois jovens espinhenses, Mário Valente e Alberto Barbosa. A peça exibida em 1918, no Teatro Aliança, situado na esquina das ruas 16 e 19 – onde está atualmente a Caixa Geral de Depósitos, apresentava-se dividida em dois atos e seis quadras. A sua mensagem sedimentava-se numa "caricatura da vida social e política da terra”, ilustrando "quadros passados no Ribatejo, Avenida 8 (picadeiro), Fábrica de Conservas Brandão, Gomes & Ca. e no Inferno.” Estes dois autores levaram à cena várias revistas teatrais, que foram reconhecidas como verdadeiros sucessos na época, como aconteceu com a revista "De Pêta e Bêta” e "Free-Quick”. 
A antever a estreia da revista "Pêta e Bêta”, o semanário Gazeta de Espinho, de 10 de fevereiro de 1918, com a pretensão de informar os seus leitores sobre a mesma, menciona que através de uma entrevista concedida por um dos autores, referiu que escreveram a revista "propositadamente para o Carnaval” e, consequentemente, "procuraram dar a este trabalho "uma feição desconhecida, original e se me permite o termo – estrambótica.” A notícia anunciava que o público iria ser surpreendido: "por toda a sala se encontrarão imitações às pessoas mais em destaque de Espinho (…), pois até à última se convencerão que são as próprias pessoas que ocupam esses logares”  
Segundo a Gazeta de Espinho, de 17 de fevereiro de 1918, conseguimos perceber que foi preponderante para o êxito desta peça de teatro amador a contribuição de Mário Valente, através da sua "verve endiabrada, comentário justo e acerado e d’uma explendida observação das pessoas e das coisas”. A referência ao "talento poético” e "ingenuidade e frescura” de Alberto Barbosa também não deixou de ser mencionada, bem como, a "compleição artística” de Fausto Neves, que musicou a revista. 
Esta revista ficaria na história do teatro amador de Espinho como um verdadeiro sucesso, para o qual contribuíram os seus "obreiros”, Joaquim Moreira, Manuel Rosado e Amadeu Moraes, diretor do corpo cénico do Espinho Club. 

Aceda a outros temas de história local, escritos por estes dois autores, através da Imprensa local.


 Bibliografia:
- BOUÇON, Armando, COSTA, Luís; AUGUSTO, Mário, (coord.) – "Tradição teatral remonta ao século XIX”. Design e paginação. Pedro Pinheiro. Cadernos de Espinho. [Espinho]: Ideias e Conteúdos-Produções em Comunicação. 8(2021) 19-26 
- Carnaval ...De Pêta e Bêta. "Gazeta de Espinho”. (10 fev. 1933)    
- ...De Pêta e Bêta. "Gazeta de Espinho”. (17 fev. 1933)