Mirita Casimiro - "Maria Papoila"

Mirita Casimiro - "Maria Papoila"

Na rubrica mensal, Autores Espinhenses, pretendemos dar a conhecer autores que nasceram, viveram ou ainda vivem em Espinho e que contribuíram para o desenvolvimento literário e cultural do concelho, a seleção referente ao mês de outubro incide sobre a obra de Mirita Casimiro. 
"Mirita Casimiro, nome pela qual ficou conhecida a célebre atriz Maria Zulmira Casimiro, faz parte do percurso histórico do Orfeão de Espinho na segunda metade do século passado. Com efeito, Mirita Casimiro - oriunda de uma família beirã com grandes tradições na tauromaquia portuguesa, acabou por tornar-se na "madrinha” do orfeão (até pela relevância histórica do seu grupo cénico, não se limitando o orfeão à sua componente coral) dada a sua intrínseca ligação a Espinho, cidade onde nasceu precisamente pela casualidade ser de uma família com tradição nas corridas de touros. 
O seu avô Manuel Casimiro de Almeida e o seu pai José Casimiro de Almeida, ambos naturais de S. Pedro Sul, eram experientes cavaleiros tauromáquicos que atuaram diversas vezes na Praça de Touros de Espinho. Sucede que em 1914 a mãe de Mirita Casimiro estava em final de gestação e encontrava-se a veranear nesta praia, pelo que a conhecida atriz acabou mesmo por nascer em Espinho no dia 10 de outubro desse ano, embora fosse registada na cidade de Viseu. Na sua infância e juventude voltou, aliás, diversas vezes a estas paragens para veranear e rever amigos e velhos conhecidos. 
Com uma carreira artística intensa, Mirita Casimiro dedicou a sua vida ao teatro e ao cinema. Estreou-se na revista "Viva a Folia”, no Teatro Maria Vitória, e fez parte do elenco de diversas operetas e revistas, onde foi uma atriz muito popular. Em 1936 atuou no Teatro Aliança, em Espinho, integrando o elenco da Companhia do Teatro Variedades com a representação da peça "José Ninguém”, onde interpretou o papel de um travesti, sendo calorosamente recebida por representantes do Orfeão de Espinho que lhe entregaram um ramo de flores. A sua irreverência, desenvoltura e jeito especial para a representação permitiram-lhe singrar também no cinema. A sua estreia na grande tela aconteceu logo com um enorme sucesso, no filme "Maria Papoila” (1937), pela mão do realizador Leitão de Barros. 
Em 1941 casou-se com o popular ator Vasco Santana, formando uma dupla de enorme êxito. Depois de um divórcio litigioso e controverso, viveu no Brasil durante oito anos, país onde contraiu novo matrimónio com o jornalista João Jacinto. 
Nos anos 60 regressou a Portugal e ingressou no Teatro Experimental de Cascais onde, sob a direção de Carlos Avilez, integrou o elenco de peças marcantes que ficaram ligadas à renovação do teatro português como "A Casa de Bernarda Alba”, de Garcia Lorca; "A Maluquinha de Arroios”, de André Brun; ou "O Comissário de Polícia”, de Gervásio Lobato. 
Na sequência de um grave acidente de viação, acabaria por morrer na sua residência de Cascais no dia 25 de março de 1970. Em jeito de homenagem, o Teatro Municipal de Cascais ostenta o nome de Mirita Casimira. E, em Viseu, a principal sala de espetáculos da cidade foi batizada como Auditório Mirita Casimiro.” 


BOUÇON, Armando, COSTA, Luís –” Mirita Casimiro, a espinhense... de Viseu”. Coord. Mário Augusto. Melodias de sempre: recordações e histórias da música. [Espinho]: Ideias e Conteúdos-Produções em Comunicação. Vol. 5 (2021), pp.75-77 

Costa, Luís e Bouçon, Armando - "O maestro Fausto Neves e a atriz Mirita Casimiro”. O Tripeiro. Porto: Luís Costa. ISSN 0041-3070. Ano XL. N.º 1 (2021), p. 26